é café com gosto de saudade
que tomo a essa hora
e que hora é essa?
lembro da distância farta
me enrolo nas lembranças
sem asfixia
sem dor
Tinta & Palavras
escrevendo para não definhar
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
sábado, 3 de dezembro de 2011
Hoje
essa monotonia
que me escapa
vazia
atravessa as noites
alcança os dias
se lança afiada
covarde
vadia
Tadeu Melo
domingo, 19 de junho de 2011
Impressões sobre a Marcha da Liberdade de Expressão e Direitos Humanos. Rio Branco, Acre, 18 de junho de 2011
Índios, brancos, negros, gays, profissionais, estudantes e principalmente: gente comum. Esse foi o público da primeira #Marcha acreana.
Nosso Estado possui um histórico de resistência, de lutas pelos seus ideais. Esse povo que veio da mata, que canta ciranda e que fala com a terra , têm uma característica: aprende ligeiro. Mães com seus filhos no colo, donas de casa que largaram a bacia de roupa, trabalhadores que pediram licença do emprego. Este foi o público que foi às ruas de Rio Branco para dizer que não esta satisfeito.
Mas o que incomoda essa gente?
A insatisfação nasce da censura, que dita quais filmes “nossas” crianças podem ou não assistir nas escolas. Mas esta mesma censura não se esmera em frear a banalização do corpo que entra pela televisão em suas casas. Não se esforça para inibir letras de músicas que discriminam que humilham e diminuem inclusive o próprio grupo que produz a censura. Esta se preocupa com um beijo entre meninos em uma obra de arte, mas não liga muito para o beijo das meninas que se encolhem nas esquinas a espera do novo cliente.
O descontentamento da #Marcha veio pelo desrespeito às minorias, que juntas formam uma multidão, que sentem na pele os efeitos da política feita pelos acordos de bastidores e não pelo mérito da questão. Esses políticos que convocam gestores para explicar suas ideias, mas nem cogitam a possibilidade de justificar as suas.
A caminhada foi guiada por estudantes que querem ter voz, querem falar o que pensam e pensar sobre o falam. Esta geração que, felizmente, não sofreu com a opressão do regime militar, mas consegue pressentir o fantasma (já materializado) do fundamentalismo que assombra os sonhos da democracia.
Em menos de uma hora de passeata vimos os olhares da população, que de início não sabia do que se tratava, mas logo se identificou com a palavra liberdade, e parava na calçada para ver tanta gente diferente misturada.
Vimos na #Marcha também à falta de respeito, a tentativa de inferiorizar para desmoralizar. Esse movimento foi e será um momento especial, onde cada cidadã e cidadão acreano puderam sair às ruas e gritar sua indignação, mostrando que independe do poder estabelecido, o povo sempre vai se manifestar.
Não podemos deixar passar o fato de que “no meio da #Marcha tinha uma obra”, que oportunamente bloqueava a visão de quem passava em frente ao palácio e que nossos “marchantes” foram recebidos com balde e água de sabão nas escadarias deste símbolo do poder. Vale lembrar que há poucos dias teve outra marcha e esta foi recebida com bodas pelos nossos governantes.
Apesar de tudo isso, estávamos lá, de pé, erguendo as faixas e cartazes que foram produzidos como devem ser: sem um único centavo do poder público!
Apesar de tudo isso, estávamos lá, de pé, erguendo as faixas e cartazes que foram produzidos como devem ser: sem um único centavo do poder público!
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Pura verdade
é amor
de coisa pouca
passageiro
que enche os olhos
por hora inteira
é para sempre
tempo curto
esse intervalo
entre o interesse e desinteresse
que me faz te amar
por vários e vários
segundos
domingo, 13 de março de 2011
Necessário
quero criar
que seja uma asa ou o avião
uma pedra ou continente
um dia ou mês inteiro
um sorriso ou a felicidade
um pão ou o jantar
isso ou aquilo
só preciso fazer
seja o que for
onde for
e pra quem quiser
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
meandros
é só a noite caindo
em gotas escuras
manchando o rosto
rio negro que sozinho
desvia rugas
encontra caminhos
escorrega
até a represa
mãos violentas
barreiras ao pranto
buscando acalanto
empatando o rio
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Sobre o tempo e as coisas
há aquelas que resistem
Joanas a fogueira
desdenham da ampulheta
criança levada
rotineira
empurra as dores
sempre à frente
desgastando os cantos com atrito
apito
ranger
peso dos anos
amontoar de coisas
velharias novas
redescoberta como inúteis que são
empilham
ocupando espaços
desgastam
matando o tempo
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